quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Olha ela de novo, cometendo o mesmo erro. Gosta de se martirizar, gosta de chorar por se ver com saudades dos tempos que não voltam mais. Uma masoquista sem igual, torturadora de si mesma. Assassina de coração, pele e pulmão. Devoradora de alma, fígado e rins. Destruidora de baço, cérebro e sentidos. Cultiva tristeza, dor e sofrimento. Conservadora de saudade e lembranças. Alimentadora de esperança, sonhos irreais e quase impossíveis. Imaginativa a ponto de se pegar criando cenas e vivendo diálogos. Se martiriza olhando conversas antigas, dorme chorando, clama pela mãe, pedindo-a que acabe com a dor. Coitada da mãe, ela não pode fazer a sua dor parar menina, infelizmente ela não pode. Chora baixinho pra ninguém ouvir. Sai correndo quando as lágrimas começam a cair, se tranca no quarto, no banheiro, sai com os olhos vermelhos e diz que é sono. Coloca um sorriso fajuto no rosto, até conseguir sorrir verdadeiramente e segue em frente. Diz pra todo mundo que está bem, quando tudo está em tempo de desmoronar. Ajuda os outros, quando o que mais quer, é ser ajudada também. Se mata por dentro, aos poucos e ninguém percebe. Dá conselhos que nem ela mesma consegue os seguir. Pede pra noite trazer de volta a felicidade que um dia fazia morada em seu olhar. Vazio no peito, olhar assustado, voz rouca e fraca. Coração despedaçado. Olhos inchados. Garganta doendo, entalada com milhares de palavras que ainda não foram ditas. Uma vontade absurda de gritar aos ventos o que sente, mas logo, se vê receosa. O pingo de coragem é abafado pelo pânico que percorre em suas finas veias. O coração acelera, e o sangue corre mais rápido. A boca seca, o estômago reclama e inflama, está doído e apertado. Olha a Lua, pede baixinho, um pouco de paz pro seu pobre coraçãozinho, cansado de sofrer e de amar, sem mesmo saber o que isso signifique de verdade. Ama, chora e fala sozinha. Espera ser feliz um dia na vida.

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