sexta-feira, 12 de abril de 2013

Não dá pra sentir saudade só de vez em quando, ou esquecer o coração de vez em quando. Não dá para o passado ficar lá atrás só enquanto tu não superou o fato de ser lá o lugar dele. A vida não acontece só de vez em quando, e tu não deixa de amar de vez em quando. Mas de vez em quando tu tem que desistir, de vez em quando tu finge um sorriso, de vez em quando acontece tanta coisa que não devia acontecer hora nenhuma… E tu se perde. E eu não consigo tirar o sentimento de vez em quando, só porque não tinha que estar aqui o resto do tempo. Bagunça, tira do lugar, não limpa o estrago e nem tira os cacos, a pessoa corta o pé, corta a mão, corta até o coração, mas deixa tudo espalhado. Coitada da menina que além de ver quebrado, ainda tem que juntar, coitada da menina que não sabe não sentir de vez em quando, só quando precisa ignorar. E de vez em quando coloca a culpa na madrugada, inventa um cheiro para a saudade e coloca uma música melancólica pra dar uma trilha sonora. Eu não sei superar e eu sou a menina que junta os cacos, não é que eu não me importe em ser boba, eu me importo, mas ser deixada de lado não depende só de mim pra não acontecer nem de vez em quando. E esse de vez em quando machuca, porque é justamente de vez em quando que se quebra um coração, de vez em quando alguém desiste, de vez em quando o amor dói, de vez em quando a saudade tortura e de vez em quando tu vê que não esqueceu de algo que tu julgava ter apagado. Acontece que não é de vez em quando que se apaga ou que se esquece, mas é de vez em quando que tu tem que aprender que o para sempre ficou nos contos de fadas, e que mesmo não tendo costume, tu tem que começar a escrever acabou, mesmo quando não é o que tu tinha pensado para o final. E aí tu se dá conta que ser forte não é contigo e começa a desabar aos poucos, um choro aqui, outro acolá, o perigoso é deixar acumular e depois explodir. Ninguém sabe o quanto dói as lágrimas de uma mulher… Pouco sabem que sorrir nem sempre é fácil, e que sempre há algo a mais quando alguém diz o nome dele. E fingir que nada está acontecendo é a pior das situações, e eu já perdi as contas de quantos “de vez em quando” eu tive que não sentir para os outros não perceberem. Mas eu sou a que de vez em sempre fica sem dormir porque o dia foi cheio de falsos “tudo bem”. E um sorrisinho aqui e outro lá desgasta o coração. Eu sou a que de vez em sempre chora feito criança porque teve que desistir de algo que queria pra vida inteira, que chora por um amor perdido, por não ter conseguido sustentar tudo sozinha. Sou a que de vez em sempre lembra, de vez em sempre sofre, de vez em sempre continua amando. De vez em sempre desaba sozinha e não consegue sequer levar a mão pra limpar o rosto. E de vez em sempre não sabe se está bem assim, ou se falta algo pra ser boa o bastante. Que de vez em sempre diz que não vai conseguir, mas é só questão de ter que levantar da cama pra descobrir que ainda sabe fazer um bom papel. E não é nada fácil. Não é naturalmente que eu finjo não amar, e não mais sentir, não é naturalmente que eu aprendo que ou a gente aprende que tudo acaba, ou o maldito tempo te faz entender que não é ele que vai resolver isso. Mas de vez em quando acontece, de vez em quando tu acha que é só de vez em quando e acorda sabendo que é de vez em sempre, um sonho, um pesadelo, um piscar de olhos, uma distração olhando as nuvens, ou o barulho da chuva no telhado, o rangido da porta abrindo ou a janela balançando com o vento forte, de vez em quando eu me pego com medo de bicho papão, é que de vez em quando eu tenho medo do amor continuar aqui sempre, e hoje em dia não tem nada mais assustador que ter que esquecer e não saber por onde começar, ou apenas começar e ficar ali… Esperando que só de vez em quando a lágrima escorra. Não dá pra parar de amar só de vez em quando, porque era o para sempre que tu queria no lugar do “teve que acabar”. Não dá pra viver um amor de vez em quando, não dá pra morrer de saudade de vez em sempre.

Nenhum comentário:

Postar um comentário