terça-feira, 30 de abril de 2013


Ao meio de uma multidão repleta de sorrisos e perfumes, eu escolhi o teu para me aconchegar, como se estive livre e desimpedida para me acolher em teus braços para sempre. Posso confirmar que lutei contra tuas armas com toda força possível, porque no fundo, eu não queria nada disso. Não queria compartilhar risadas com um alguém que de uma hora para outra poderia levar o meu riso embora. Mas um passarinho verde sussurrou para mim que o brilho dos teus olhos era para ser meu. E adivinha? Eu acabei acreditando.
Hoje, depois de tanto tempo desviando as minhas palavras para não acabar escrevendo sobre ti de novo, cá estou escolhendo cuidadosamente as corretas para descrever em detalhes o quanto sinto tua falta. Ou seria melhor dizer, criando a falta de um alguém que nunca existiu. Na verdade, um alguém que nunca chegou a provar que de fato, existia e era diferente de tantos outros. Porque tu não era. E eu insistia e acreditava que sim.
Ainda consigo ter uma vaga lembrança das tuas coisas espalhadas pelo chão do meu apartamento, e das tuas roupas dobradas e passadas cheirando amaciante no pequeno espaço que lhe providenciei em meu guarda-roupa. E sabe… Aquele espaço ainda é teu. Fiz questão de deixá-lo vazio, sem um miserável apetrecho se quer para atrapalhar, porque tu sabe, adoro guardar velharias. Pensei em doá-lo para outro alguém, na verdade, para o moço que trabalha na padaria da esquina, porque cá entre nós, faz mais de um ano, aquilo já está cheirando a mofo, mas não consegui me desfazer desse pedacinho teu. O que é uma droga. Uma verdadeira droga.
Todos os dias de manhã, eu preparo o café naquela máquina que me deu de presente no meu aniversário. Eu odeio o gosto que aquilo tem, tu pagou tão barato, mas tão barato que nem quente aquilo deixa. Mas tu adorava preparar do teu jeito o café amargo, as torradas e ovos mexidos. No final, eu sempre acabava cedendo e deixando para lá a minha dieta de uma semana, só para ter o gostinho de te ver sorrindo e achando que aquilo te fazia um homem completo. Bom, mas caso se lembre, eu odiava café. Sempre odiei. Mas eu te amo. Sempre amei.
Eu tentei de todas as maneiras corretas e incorretas para que déssemos certo. A gente tentou e todo mundo sabe disso. Com brigas e intrigas a ringues de luta livre, nós ainda éramos nós no final do dia. Os lençóis ainda absorviam o suor dos nossos corpos colados. E tu ainda era meu.
Era.
Acreditar que tinha encontrado a mulher perfeita de acordo com os teus padrões uma semana antes de ir embora de vez, ainda não está nos meus planos. Deveria, mas não está. E a culpa é toda tua. Sempre foi. E agora, nesse exato instante estou te odiando. Por ter ido embora sem dizer adeus. Por ter feito planos e criado histórias que não passariam do papel. Por ter me feito acreditar que um dia, tu e eu poderíamos ser nós.
E eu odeio… Odeio cruzar com o teu olhar na mesma esquina de sempre e pensar: “Deveríamos não ter deixado o que tínhamos chegar ao fim”. Porque mesmo sendo errado e incompleto, aquilo me fazia um bem danado!

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