quarta-feira, 10 de abril de 2013

Queria fugir, parece loucura? Até um certo ponto, sim, por outro lado não, parece mais um escape, uma saída de emergência. Eu queria me isolar, numa ilha quem sabe, ou então, me trancar no meu quarto por tempo indeterminado. Eu queria fugir, de tudo e todos, não me leve a mal. É que eu preciso, de um tempo, um lugar, algo pra me segurar pra não ser levada por esse furacão. Tá tudo desabando, e eu não consigo parar pra pensar em, o quê devo fazer, tem um turbilhão de pensamentos. A minha vontade? Sumir, sem deixar uma carta bonitinha em cima da escrivania, como é de costume. Ir pra bem longe, desaparecer, sem deixar pegadas, rastros, pistas. Eu bolei mil maneiras de como fugir, e eu pensava todos os dias. Quando eu ia a escola, e via um pátio lotado, quando eu botava o pé fora de casa, fora do meu quarto. O único lugar, onde aparentemente eu consigo respirar, sem me sentir estranhamente desconfortável. Mas a minha mãe sempre disse que devemos enfrentar os problemas de frente, cara a cara. Ela olhava pra mim, com aquele olhar tipo : “eu sei o que tu tá pensando, sei como está se sentindo” . E dizia - olhando fixamente em meus olhos - “A vida é assim,injusta? na maioria das vezes, mas se tu lutar tu pode mudar, pode ser quem tu quiser. Mas, se ficar aí parada, de braços cruzados, nada vai mudar”. Ela dizia que desistir é coisa de fraco, e fracos ficam no meio do caminho. E eu podia ouvir as suas palavras martelarem na minha cabeça, e sacudindo e espalhando as minhas ideias. Eu nunca disse nada, pra ninguém, eu nunca fugi, apesar de ter arquitetado muitos planos um milhão de vezes. Eu nunca contei como me sentia, que eu vivia sem me encontrar, sem saber qual o sentido de tudo. Eu nunca disse, que fingir sorrisos, fingir estar bem, me sufocava, me angustiava. Eu nunca disse, eu resmungava à respeito da vida. Como por exemplo, o quê eu iria ser quando crescer? Eu seria GRANDE, ora bolas, iria dirigir, e fazer faculdade. É isso que meus pais sempre quiseram, que eu fosse uma excelente médica, ou uma ótima Juíza. Mas, e eu aqui, com os meus remendos, eu estou um caco. Quero gritar, espernear, bater o pé, falar um bons bocados, umas poucas e boas. Chorar à noite toda talvez só pra aliviar, pra me libertar. Eu sempre segurei as pontas, firme e forte, por fora é claro. Eu sempre fui bem fechada, desde que não estivesse numa rodinha de amigos. Eu sempre fui fria, calada, e pensativa, eu tinha uma leve impressão que aquele amontoado de pensamentos, um dia poderia me levar a loucura, a um abismo, uma enorme tempestade. E meus pais sempre reclamaram porque eu não era de ter diálogos, era bem quietinha no meu canto, meu quarto sempre foi o meu mundo. E eu nunca fui, uma típica menininha, a princesa do papai, a bonequinha da mamãe. Eu sempre fui básica, calça Jeans, blusa branca, geralmente, ou preta. E um all star,ou o quê eu visse primeiro no guarda-roupa, enquanto as outras meninas passavam horas escolhendo algo, olhando revistas de modas. Eu tomava um banho,e vestia qualquer coisa. Meu cabelo? Ah preso ou solto, bem simples. A minha mãe sempre reclamou dos meus modos, sempre fui tímida, e desastrada, sempre fazia besteira. Eu sou sem sal, falo besteiras,e amo bob esponja. E meus pais sempre me cobraram muito, eles queriam que eu fosse um Robô daqueles que fazem tudo que tu mandar, é só controlar com um controle remoto. Acho que não faço parte daqui, não me acho em canto algum, vivo fora de lugar, tropeçando, caindo. Fugir? Não posso, seria contra todas as palestras da minha mãe, acho que se eu deixasse a toalha em cima da cama seria menos desastroso do que fugir. Meus amigos, bem, namoram e tem outros amigos, de uns outros amigos. E eu sou a de reserva, de escanteio, uma vez ou outra, entro em cena. Conselhos amorosos, terapeuta, ombro pra chorar e para desabafos, me chamam, mesmo se for três da manhã, e eu tiver prova cedo. Prazer, consoladora oficial; sou eu em carne e osso. Eu continuo com as minha crises internas, tentando remendar os pedaços novamente, tentando seguir em frente, tentando ser forte.

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