segunda-feira, 1 de abril de 2013

Tu não foi o primeiro cara a me olhar desse jeito apaixonado, como se observasse o mais saboroso prato de todos os cardápios do mundo. Tu não foi o único - e acredito que não será o último - a me fazer sentir coisas estranhas dentro do peito, como se eu tivesse comido algo estragado e o alimento por ventura tivesse caído direto no coração, não no estômago. A verdade é que não adianta tu fazer bico e bater o pé, porque, querendo ou não, outros bicos e outras batidas de pés já passaram por aqui. Eu sei que o teu desejo é ser especial e insubstituível, mas todos os outros queriam a mesma coisa e veja só! Hoje só restou o pó e a lembrança de cada um deles. Eu não queria que fosse assim contigo. Bem, o que eu estou tentando dizer é que tu tem algo diferente na tua essência. E eu queria que essa coisa diferente não fosse embora como se fosse uma coisa qualquer. Por mais que, de fato, eu seja estragada emocionalmente, isso não faz de ti uma carta fora do baralho. Depois do teu perfume azedo, outros podem se impregnar nos meus lençóis. Depois das tuas meias imundas em cima do sofá, outras podem enfeitar o varal. Depois de ti, consequentemente irá haver outros - ou não. A segunda opção, ou seja, a opção do não-haver-mais-ninguém-além-de-ti, depende exclusivamente da última pessoa da frase. Tu pode fazer com que todos os outros caras que já passaram, bagunçaram e mexeram na minha vida percam o sentido. Tu pode apagar todas as minhas dores internas se me proporcionar uma felicidade maior do que elas. Tu pode colocar novamente um sentido digno de viver em toda essa estrada cinzenta que percorro. A verdade é essa: tu pode. E, no momento, só tu realmente tem esse poder nas mãos. A escolha entre utilizar ele pra refazer o meu mundo ou pra terminar de destruir ele é toda tua. Eu não vou te prometer nada, tampouco quero ouvir promessas chulas saltando da tua boca como uma coisa qualquer. Eu só preciso que tu entenda os meus silêncios, as minhas birras de criança com cinco anos, os meus defeitos inigualáveis e a parte podre que eu acredito que todo mundo também tenha, até mesmo tu. Eu preciso que tu acredite no meu amor, por mais que eu também ame outras pessoas de formas diferentes. Aceite os meus ciúmes como um medo constante de perder uma oportunidade de ser feliz. E dê o máximo que puder de si, porque pode apostar que eu darei o máximo de mim. Tu não foi o único que conheceu esses pedaços distantes do meu centro gélido, então não repara muito nos detalhes. Tu não é o primeiro que eu deposito a minha confiança e o meu resto de amor-próprio, portanto, tente fazer com que o meu esforço não seja em vão. Faça com que essa perda de tempo tentando arrumar o meu coração e a escrivaninha do meu quarto pra te receber de peito e de portas abertas não seja tão perda de tempo assim. Tu não foi o meu primeiro amor, mas tem tudo pra ser o primeiro a valer a pena.

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