domingo, 5 de maio de 2013


— Carta sem remetente encontrada em cima de um túmulo.
Hoje faz exatamente um ano e meio desde a tua morte, e eu ainda não aprendi a superar essa tal agonia. Sigo para onde meus pés me levam e sem a pretensão de chegar em algum lugar. Simplesmente sigo. E onde quer que eu vá, levo comigo essa saudade. Maldita saudade. Tu tem ocupado muito espaço na minha cabeça ultimamente. Quando eu fecho os meus olhos, ainda posso ver teu rosto, teus olhos castanhos claros fixados em mim. Eu sinto até o teu cheiro… Teu doce cheiro. E o tom da tua voz, de vez em quando ecoa nos meus ouvidos. Eu, apenas sigo para onde tu não está. E por onde passo, recolho tuas lembranças. Procuro nas pessoas os teus pedaços. E em mim, reconheço os teus gestos. Fico imaginando por qual caminho tu segue… Se de onde tu está, consegue me observar de algum jeito… Se consegue de alguma forma perceber o quanto estou mudando. Tentando melhorar… Evoluindo. E eu, continuo seguindo sem rumo, a caminho de qualquer canto, sempre na esperança de um dia caminhar contigo novamente, mesmo sabendo que isto é impossível. Meus dias nunca mais foram os mesmos. Tornaram-se frios à medida que a saudade foi vagarosamente se instalando em cada um de meus espaços. Em todas as palavras, há essa falta. Em cada canto da minha casa, há essa falta. A falta mora em minhas lembranças, no meu passado. É algo assim, como uma ferida que nunca cicatriza, sabe? Um universo de solidão instalado no peito é ativado a cada data especial, a cada cheiro familiar, a cada passeio dado naquela pracinha antiga em frente aquele botequinho, da qual costumávamos tomar sorvete todo final de semana. Quando tudo o que preenche a alma se esvazia, o coração chora. Hoje, meu coração é uma poça salgada de lágrimas… Um dia, o que foi tirado de mim, causou uma dor eterna. Não sou inteira. Como ser, sem o meu melhor e mais preciso pedaço? Lágrimas escorrem dos meus olhos quando vejo as nossas fotografias antigas, quando ouço no rádio aquela música que tu tanto gostava, e que um dia havia prometido que a cantaria para mim no dia do nosso casamento. É, tu faz falta. É como se faltasse uma parte de mim, da qual eu não sei se algum dia alguém irá preenche-la novamente. Queria o teu abraço forte agora. Só queria mesmo. Bem, pelo menos eu posso sonhar contigo ao meu lado. É, apenas sonhar.

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