domingo, 5 de maio de 2013

Não quero cobertor, não quero meia, não quero casaco… Quero tu pra me aquecer.
Sigo olhando tua foto, já faz quase 15 minutos que meus olhos estão parados sob os traços de teu rosto. As palavras de nossa conversa há alguns meses atrás, ainda flutuam em minha mente. Sei bem que minha atitude foi fria demais, sei bem que ainda espera que eu o procure desesperada só para dizer que estava absolutamente errada. Isso não vai acontecer, sabe por quê? O orgulho não tem nada a ver com isso dessa vez, isso que faz com que eu mantenha afastada de ti se chama “amor próprio” ou então uma voz chata que resolveu perturbar a minha mente. Aquilo que eu nunca tive durante esse tempo em que tu esteve em minha vida, aquilo que sempre me faltou nos momentos em que estive quase cega de tanto amor por ti. Minhas mãos estão tremulas, quase esmagam o telefone envolto por meus dedos… Admito que estou louca pra ouvir a tua voz, reconheço que olhar a tua foto foi o método mais eficiente que encontrei para impedir a mim mesma de correr para a porta da tua faculdade, só pra ver se tu está bem. Com todos os pedaços no lugar, entende? Droga. Esse teu silêncio me causa desespero, essa tua ausência me faz sentir um frio insuportável. Minha casa ta parecendo um iceberg de tão gelado. Ontem fiquei parada olhando a mesa e jantar, imaginando tu sentado na cadeira do canto esquerdo, com aquele livro amarelado da aula de Calculo II. Te imaginei resolvendo um exercício complicado, bagunçando a frente do cabelo, bufando, xingando baixinho, fazendo careta… Tão irresistível.  Era isso que tu sempre fazia nas noites de sexta feira, não é? Era isso que tu sempre fazia quando passava o final de semana aquecendo minha casa. Agora, sem ti, ela parece tão vazia. É uma merda sabe, é uma merda perceber que eu só fico quente quando tu está por perto, é uma merda perceber que mesmo fazendo de tudo pra me afastar eu ainda me sinto como se fosse a outra metade de ti. Me diz, quem é que vai te fazer sorrir quando chegar estressado da escola? Sério, me responde, tu não está sentindo nem um pouquinho de falta das minhas piadas sem graça? Do meu sorriso? Do meu jeitinho engraçado de acordar? Tu sempre disse que não viveria sem mim, mas olha só já faz mais de um ano. Já faz mais de um ano que esse clima da Antártida se instalou na minha casa. Desde que tu bateu a porta dos fundos com força e o barulho se alastrou por cada cômodo daqui a neve começou a cair. E ela não para, nada faz com que isso vá embora. Meus dedos congelaram em volta do telefone, meus olhos estão pregados na tua foto, eu sinto a tua falta… Mas algo dentro de mim sussurra baixinho: “Tu já correu atrás demais, está na hora de o deixar ir…”. Ir pra onde? Com quem? Porque não me leva junto então? Eu não gosto de ficar sem ti, mas pelo visto, essa voz na minha cabeça não vai se calar, pelo visto eu vou congelar se tu não voltar.

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