quarta-feira, 15 de maio de 2013


Faz dias que não escrevo, falta-me inspiração. Hoje não me vejo feita de papel e tinta, pois antes esse era o meu contínuo dia eterno; escrever, reescrever, pensar e amar o que todos queiram ler. Mas de longe isso me da um certo medo, como vou saber o que todos querem? Parei, não escrevo mais nada. Um dia por descuido quem sabe eu escreva sobre um amor que tive semana passada — quase morri, sério — foi coisa de louco criar aquela paixão platônica dentro de mim e ver que eu não poderia livrar dele assim, do nada. E escrever sobre amor? Não, quero falar sobre uma mulher melancólica que vi hoje na praia; parecia cometer um suicídio a cada segundo — credo — sentada com o rosto sobre o antebraço matava-se aos poucos e ninguém notava, mas eu estava lá, mesmo que de longe conseguia escutar teus sussurros (acho que devia ser algo da minha imaginação).
 Então decidi fazer uma crítica nesse texto sobre esse tal amor, acabei com meu recesso de escrever. Aquilo era amor? Eu lhe pergunto: era? Ninguém teve a ousadia de ir lá pergunta a ela se estava tudo bem — eu não perguntei a ela pois não queria incomodar, como nunca estou bem e odeio quando venham me fazer esse tipo de pergunta — poderiam ter pelo menos compaixão certo? não que o amor seja um sentimento perfeito por que ele está longe disso, ele fere, machuca muito e sem notarmos nada de estranho em nós. Mas é isso que precisamos; compaixão, segurar o mundo de alguém quando ele já não tem força para carregar nada, tirar umas férias do seu “eu” que roubaram de ti, descansar um pouco os pés que há tantos calos exposto. O ser humano não foi feito para isso, eu sei disso, todos sabem. Se doar por alguém e não querer nada em troca? Claro que não, pessoas são interesseiras, usam palavras bonitas para confortar alguém que apenas queria um pouco de atenção. Eu sei que há pessoas que essa crítica não lhe convém, mas a maioria é tudo isso. Bando de imprestáveis, colocam sentimentos em coisas fúteis. Mas nesse bando eu sou a líder ta? Odeio me doar a alguém, não gosto, me sinto tão frágil quando me dizem eu te amo. Não sei reagir a elogios e olhares, me escondo toda. Agora imagine o estado daquela mulher: madrugada fria, o tempo não passa, o passado para sobre teu corpo e deixa a saudade tomar conta do resto. Quero apenas que ela melhore, como eu melhorei a um tempo atrás — mas isso não vem ao caso agora, vamos falar sobre o “ela” que deixou de existir. E por acaso vocês sabem o que ela fez? Simplesmente levantou-se sem falar nada, enxugou teu orgulho todo machado no rosto e começou a caminhar para longe da multidão, se isolar um pouco faz bem. Confesso que eu fiquei horrorizada naquele instante. Como eu não tive força para fazer aquilo também? Lhe admirei, nunca vi ninguém sorrir assim com tanta vontade, com o rosto cheio de lágrimas, sorrir encima da dor. Ela não deve estar por inteira, deve ta só o caco. Que caco resistente aquele hein, insistiu em se reconstruir rapidamente para não deixar ninguém notar tuas falhas, rachaduras. Eu gostaria de reencontrar aquela mulher que ao menos sei o nome. Enfrentou tudo de peito aberto sem pedir a ajuda de ninguém, foi tua própria base no naufrágio. Ela sim pode dizer com todas as palavras, falar até de boca cheia se possível. “Depois da tempestade sempre vem a calmaria”. E eu grito a todos, ela fez sua tempestade retornar ao teus olhos para que a calma a mantenha de pé.

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