quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Tenho acordado com a sensação de que algo morreu. Não sei se tu se sente assim caro leitor, como se algo simplesmente estivesse em estado de decomposição. Algo que é muito importante, que resolveria todos os teus pormenores, colocaria fim nas tuas aflições, te guiaria para o caminho certo. Aquele algo que falta pra ter mais fôlego nas coisas a tua volta. Que iria salvar a tua vida. Então é ai que eu entro em paranoia. Começo a buscar essa tal ausência nas pessoas. Querendo que alguém olhe dentro dos meus olhos, dentro do meu peito, dentro da alma e retire toda essa podridão. Que tivesse a delicadeza de me ouvir prantear o modo como as coisas acabaram tão feias e sujas. Enquanto isso meus pés continuam vagando pelas calçadas a fora. Pendurando-se nos meios-fios entram num gingado destrutivo, sempre envolta da questão de como a vida seria se eu me encontrasse lá em cima como vizinha das nuvens. Não tenho tendência ao suicídio. É este que vive me mostrando motivos para deixar tudo para trás. Tu deve compreender como é. Acordar pela manhã e sentir como se alguém tivesse aparecido sorrateiramente durante a noite e levado embora todas as tuas perspectivas de salvação. É uma merda. Eu queria ter forças. Meu Deus como eu queria. Eu queria não ter que tomar remédios para ver o mundo melhor. E principalmente que as pessoas não fizessem isso, que não embasassem sua visão do que realmente é essencial. Eu fico pensando que deve haver um plano maior. Eu tento me convencer que todas essas coisas ruins causam tanto estrago pra chamar atenção de alguém. Aquela pessoa que falei lá começo, que não irá enfiar a mão e danificar mais ainda, e sim curar. Cuidar. Proteger pra que cicatrize. Mas é tudo em vão. Essas esperas são sedentas de insônias, olheiras, tristezas e melancolias. Elas exigem muito da minha fé, das minhas crenças. Machucam meus pés, perfuram meu peito. Tento olhar dentro dos olhos alheios na esperança de encontrar uma dor semelhante. Um pedido de socorro. Um sopro de vida. Mas é difícil. Está difícil. Então me encolho. Qualquer sinal de cuidado ou de aproximação eu ataco. Com medo que um toque ou um olhar possam me ferir mais ainda. Já ocorreu isso antes. Eu já tive uma pessoa sim. Ela me chamou de “vida” e disse que iria permanecer, porque é isso que a gente faz. A gente fica. Persiste. Insisti. E morreu dentro de mim no dia seguinte. Acho que a vi com outras vidas. Acho que as coisas ruins que habitam meu peito a vez voltar à realidade. Como tantas outras que foram embora disseram. Fico pensando se eu fosse uma pessoa normal como as coisas seriam. Daquelas que seguem essa linha: Fumar. Beber. Transar. Cheirar. Machucar. Mas não consigo. Eu posso fazer muito mal a mim mesma, mas para os outros não. Mesmo que eles merecem creio que nem todos aguentariam essas dores. Essa tristeza caiu sobre aqueles que sorriem pra alguém estranho. Que tem muitas coisas ruins, mas que permanecem na luta sem saber muito bem como. Pra aqueles que um dia terão muitas coisas bonitas. Não porque eles merecem ou porque já sofreram muito. Mas sim porque apesar de sentir que algo morreu continuam levando ar para os pulmões. Continuam tendo fé de uma forma insana.

Nenhum comentário:

Postar um comentário