sábado, 4 de maio de 2013


O teu cheiro ainda esta em mim. Vira e meche, o sinto. Não sei bem de onde vem, mas mesmo sendo apenar um cheiro, um perfume, me traz nostalgias (…) meu pai não usa este mesmo perfume: ele sabe que me irrita. Sabe que mesmo sem eu dizer nada este cheiro me deixa mal. Não sei nem mesmo se entra junto com o vento que atinge fortemente meu quarto por conta da janela que sempre está arreganhada ou está aqui na tua blusa. Naquela que esqueceste aqui, e que nem mesmo me preocupei em devolver. Ora, quero tua blusa aqui comigo, para poder abraçá-la nas noites frias quando tu não estiveres aqui, mesmo que isto me faça mal de algum feitio.

Tem dias que não durmo direito. Não consigo ocupar a cama toda, e o espaço que sobra me atormente, me deixa acuada e triste. Tenho medo desse vazio ser sempre só teu. Sinto medo de nunca mais ser preenchido por alguém (…)
Uma paranoia me persegue, ou quiçá, uma verdade apenas, mas acho que não sou o alguém de ninguém. Ninguém deve ser tão alguém para não precisar de alguém… Mas será que sou eu alguém? Posso ser tão mera poeira empoeirando o mundo, tão mero projeto de gente, inacabado.

Ficarei sempre assim: remoída pelo passado, tentado andar pra frente sem olhar pra trás. Tentando seguir em frente, ainda sim, procurando um jeito de entender o passado. Ora, como tu conseguiste esquecer-me tão facilmente? Como deixei-me virar areia, e sem perceber, sai entre as frestas da sua mãe num piscar de olhos? Como saí de tua vida?

Vivo fazendo comparações, tentado encontrar alguém que seja tão tu para me lembrares tão bem o teu jeito, teus feitos e defeitos.

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